sábado, 3 de dezembro de 2011

EUA desativam bomba atômica mais antiga de arsenal da Guerra Fria

Especialistas nucleares do Estado do Texas se preparavam nesta terça-feira para desarmar a maior, mais poderosa e mais antiga bomba atômica do arsenal americano da era da Guerra Fria.

A última bomba B-53 --construída em 1962, o ano da Crise dos Mísseis com Cuba-- será desmontada na usina Pantex, próxima à localizade de Amarillo, o único local nos Estados Unidos onde atualmente armas atômicas são construídas, mantidas e desarmadas.
Técnicos da única usina nos EUA que ainda lida com armas atômicas analisam bomba B-53 dias antes de sua desmontagem
Técnicos da única usina que ainda lida com armas atômicas nos EUA analisam bomba antes de desmontagem


De cor cinza, 4.500 kg de peso e do tamanho de uma caminhonete, o dispositivo tinha o poder de apagar da face da Terra, com seus nove megatons de potência, uma zona metropolitana inteira ao ser lançada de um bombardeiro B-52.

De fato, a bomba que destruiu a cidade japonesa de Hiroshima, nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, tinha uma potência muito menor.

O desarmamento desta bomba é "significativo em razão de se tratar da última deste tipo de armas multimegatômicas que as potências nucleares costumavam construir durante a Guerra Fria", disse Hans Kirstensen, diretor do projeto de informação nuclear da Federação de Cientistas dos Estados Unidos.
Bomba atômica B-53 tinha capacidade para destruir zona metropolitana e poder muito superior à lançada sobre Hiroshima
Bomba B-53 tinha capacidade para destruir zona metropolitana e poder muito superior à lançada sobre Hiroshima


"O mundo será um lugar mais seguro após a desmontagem desta arma", disse Thomas D'Agostino, diretor da Administração Nacional de Segurança Nuclear, em um comunicado divulgado pela Pantex.
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Explosão Nuclear de Hiroxima
Como pudemos observar na reportagem, o desarme desta arma nuclear vem de encontro com a vertente historica de desarmamento nuclear, originada desde a decada de 70, fruto da Coexistencia Pacifica entre EUA e a antiga URSS. Periodo este marcado pelo que chamamos de Guerra Fria (1949-1991), que é o conflito ideologico das principais forças pós-Segunda Guerra: EUA ( e seu bloco capitalista) e os URSS (e seu bloco socialista).

Não é de intenção deste pequeno artigo (pelo menos agora) analisar o que foi a Guerra Fria, mas sim a desenfreada corrida armamentista deste periodo. Com o fim da Segunda Guerra e o lançamento das armas nucleares no Japão, não só se encerrava o conflito, demonstrava-se força e poder ante ao agora inimigo sovietico. Winston Churchil ja chamava a atenção sobre o "inimigo vermelho do Leste" ao ser o primeiro a citar o termo "Cortina de Ferro" sobre os países do Leste Europeu.

O mais interessante é que em uma analise dos EUA e da Russia (URSS), Alexis de Tocqueville menciona algo, nolivro "A Democracia na América",  que merece nossa atenção:

“Existem hoje, sobre a terra, dois grandes povos que, tendo partido de pontos diferentes, parecem adiantar-se para o mesmo fim: são os russos e os anglo-americanos. [...]. O americano luta contra os obstáculos que a natureza lhe impõe; o russo está em luta com os homens. Um combate o deserto e a barbárie, o outro, a civilização com todas as suas armas; por isso, as conquistas do americano se firmam com o arado do lavrador, as do russo, com a espada do soldado. [...] Um tem por principal meio de ação a liberdade; o outro a servidão. O seu ponto de partida é diferente, os seus caminhos são diversos; não obstante, cada um deles parece convocado, por um desígnio secreto da Providência, a deter nas mãos, um dia, os destinos da metade do mundo.”
Alexis de Tocqueville, A democracia na América 1835-1840

A analise de Tocqueville soa como uma previsão, em pleno século XIX, sobre os acontecimentos do século XX.

Os EUA emergem como grande potencia e financia a reconstrução de muitos paises da Europa Ocidental, por meio do Plano Marshall, com o objetivo de mantê-los na esfera capitalista. Enquanto isso, a URSS faz o mesmo nos paises do Leste Europeu, conquistados pelo Exercito Vermelho. Isso tudo deixou um clima de tensão no ar, principalmente quando se sabe que a URSS adquire sua arma nuclear em 1953 e testou a maior delas em 1961 (A Tzar Bomb) e que a qualquer momento, num apertar de botão, um mundo apocaliptico pode surgir. Os piores pesadelos e a paranoia vem a tona. Lembra o famoso mendigo com uma placa que dizia "O fim está próximo"? Nunca fez tanto sentido nesse periodo. Foi desenvolvido nesse periodo o MAD (Mutually Assured Destruction - Destruição Mutua Assegurada) onde se um dos agressores atacasse, prontamente o outro responde com armas nucleares. O fim do mundo como conheciamos realmente era algo possivel.

Cena do filme "Exterminador 3": O MAD na parte prática em um sistema virtual. Mas quase ja foi realidade.

Tanto os EUA como a URSS desenvolvem armas nucleares cada vez mais potentes, misseis intercontinentais, armas mais manejaveis e inteligentes, entre outros, num ritmo desenfreado. A explosão de Hiroxima passa a ser unidade de medida para as demais explosões. Guerras no mundo todo tomam partido ou de um ou de outro, como a Guerra da Coreia, a do Vietnã, entre outros.

O momento mais proximo do fim foi durante a decada de 60, com a Crise dos Misseis. A URSS desejava instalar misseis na ilha de Cuba, a aproximadamente 160 km das grandes metropoles dos EUA, inclusive da capital, Washington. Isso mereceu uma resposta dura do então presidente Kennedy, que ameaçou usar a força nuclear, caso os misseis não fossem retirados da ilha. O que na verdade acabou ocorrendo.

E com certeza, tudo isso deixou uma herança terrivel. Em 1991, a URSS desaparece e forma-se a Comunidade de Estados Independentes. As armas nucleares e estratégicas nesses países mantêm uma gestão compartilhada com a Russia, mas devido a precariedade das inspeções, um risco sério de acidente não é descartado. Boa parte dos armamentos da URSS estão nas mãos de terroristas e revolucionarios na Africa e América Latina, como a metralhadora AK-47. Tanto Russia como os EUA se comprometeram a reduzir seus imensos arsenais nucleares, como acontece com o B53 da noticia. Em compensação, um numero n de paises passa a deter a tecnologia nuclear na area militar, como é o caso da India, do Paquistão,os da Europa Ocidental, e os que merecem maior atenção, como Coréia do Norte e Irã.

Herança terrivel: A evolução das armas nucleares no mundo.

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