sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O verdadeiro significado do Natal


Por Felipe Nogueira Monteiro
                Época de Natal é época de papai Noel, certo? ERRADO! O dia de natal é mais que trocar presentes ou somente preparar uma ceia farta. É mais que simplesmente estar sensível nessa época do ano a coisas boas, visando o novo ano que se aproxima. Acima de tudo, o dia de natal pode até sintetizar tudo isso, mas o simbolismo maior está no nascimento de Jesus Cristo, aquele que foi aclamado rei nascendo humilde, em uma manjedoura. Ao pregar a palavra de Deus, Jesus venceu e conquistou o mundo.
Concepção artistica do pintor Rubens no século XVI.
                O local onde Cristo nasce, a Judéia, é um Estado vassalo de Roma desde 63 a.C e no ano 6 de nossa era, transformou-se em província romana. A relação entre romanos e os judeus nunca foi amistosa: conflitos, levantes, assassinatos e guerras marcam a região (porque não dizer até hoje!). Diante desse cenário de opressão romana aos judeus, havia a crença da vinda do Messias, que libertaria seu povo. Veja o que o profeta Isaias, no Velho Testamento, diz pelo menos 700 anos antes:
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do incremento desse principado e da paz não terá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para firmar e o fortificar em juízo e em justiça, desde agora e para sempre; e o zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.” (Is 9: 6-7)
“Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e da suas raízes um renovo frutificará. E repousará sobre ele o espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor ao Senhor.” (Is 11: 1-2)
Dentro dessa esperança, a situação da Judéia clamava por esse líder messiânico que libertasse o povo judeu dos romanos, que causasse uma rebelião armada e expulsasse o invasor. Enquanto isso, numa humilde família, que havia recebido a tarefa de gerar e cuidar do filho de Deus. Jesus Cristo era um homem de grande sabedoria e desde jovem demonstrava isso: ele estudou no Templo, onde ensinou aos anciãos. Somente os mais sábios poderiam estar lá. (Lc 2: 39-52)
“E dará a luz a um filho e chamarás o seu nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, dos profetas, que diz: Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, que traduzido é Deus conosco.” ( Mt 1: 21-23)
                Todos nos sabemos a história: o menino cresce, aprende o oficio de carpintaria com seu pai adotivo, José, e principalmente, fascina com seus milagres e cativa multidões. O que dizer sobre os milagres da boda de Caná (Jo 2: 1-12), a multiplicação dos pães (Jo 6: 1-21), ao leproso purificado, o centurião romano de Cafarnaum, a sogra de Pedro ou o apaziguar da tempestade (Mt 8)?. O apostolo João registra isso:
“Há, porém ainda muitas coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.” (Jo 21: 25)
O ensinamento de Jesus mudou, transformou a realidade dos que viviam naquela região, seja na rigidez tradicional dos fariseus ou da formalidade dos rituais romanos. O modo simples de se pregar, falando do amor ao próximo, o perdão e a esperança e fé no Reino de Deus é algo totalmente novo para aquele tempo, e ao mesmo tempo dá uma nova dimensão a idéia de fé.
“Ouviste que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao homem mau; antes àquele que te fere na face direita, oferece-lhe também a esquerda. [...] Ouviste o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás seu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; deste modo vos tornareis filhos de vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol igualmente sobre os maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos.” (Mt 5, 38-45) 
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.” (Heb 11:1)
                    É claro que com tais ensinamentos, Jesus não tenha agradado a todos. Ele foi preso, humilhado, castigado, crucificado, ressuscitando ao terceiro dia. Os apóstolos continuaram seu ministério, evangelizando os gentios. Era o inicio da Igreja:
“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo; [...] De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas.” (At 2: 38, 41)

Monte Calvário, também conhecido como Golgota
(Caveira Cabeluda). Aqui que se realizou a
crucificação de Cristo.
                    A partir do ano 40 da era cristã, já se ouve falar do termo “cristão”. A atitude apostólica alcança boa parte do mundo conhecido. Mas chega também junto a vários outros cultos pagãos (cultos egípcios, persas, assírios, além da própria mitologia greco-romana), principalmente em Roma. As primeiras perseguições aos cristãos datam do ano de 64, sob o governo de Nero. O cristianismo foi muito combatido no inicio devido ao seu poder de expansão, que fazia frente às autoridades romanas, que defendiam os cultos pagãos e ainda mais diferentemente do judaísmo, que virou religião de um povo só: se isolando. Muitos cristãos morreram crucificados, queimados, jogados as feras em amor a fé a Cristo, e muitos assistiam a esses fatos. Fato esse que explica ainda mais a expansão cristã: o fato de muitos cristãos morrerem pela fé crendo na vida eterna, despertava a admiração e a interrogação de muitos, que logo se convertiam. A situação é tão preocupante por parte das autoridades romanas, que no governo do imperador Trajano, ele define como deve ser a conduta diante dos cristãos, em resposta a carta a Plinio, o jovem, governador da Bitinia:
“Estabelecer uma regra geral válida para todos os casos é impossível. Não há razões para acossá-los. Aqueles que foram denunciados e persistem em seu erro devem ser punidos. No entanto, aquele que afirmar que não é cristão e o provar sem ambigüidade, isto é, venerando nossos deuses, deve ser solto, mesmo que tenha sido suspeito em algum momento anterior.”
Jogar cristãos as feras ou cruxifica-los era a principal "diversão" dos romanos, mas ao mesmo tempo dava um exemplo de fé
que levava a conversão de muitos.


Constantino

                    O erro citado acima era ser cristão. Mas o cristianismo crescia a passos largos: em 300 anos, foi suficiente para dizer que quem seguia um culto pagão era excluído da sociedade. A partir daí, a questão passa a ser legal: as perseguições terminam em 311, um édito de tolerância é promulgado e o imperador Constantino se converte ao cristianismo e em 392, Teodósio proíbe os cultos pagãos e o cristianismo passa a ser a religião oficial do império romano. O cristianismo passou por novas perseguições em tempos e espaços diferentes e ganhou o mundo conhecido da Antiguidade. Não foi pela espada, mas pela Palavra de Deus.

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que a espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Heb 4: 12)
Os primeiros cristãos se reuniam em catacumbas, para praticar seus cultos longe da perseguição romana. Eles usavam o simbolo do peixe para se identificar (peixe no monograma grego é ICHTHYS de Ieosous Christos Theou Yios Soter (Jesus Cristo Filho de Deus e Salvador).

                    Num mundo ameaçado por bárbaros, doenças e epidemias, guerras constantes, o cristianismo respondeu a necessidade do homem naquele momento, de buscar algo mais além dele, algo acima das riquezas materiais que poderiam ser perdidas a qualquer momento. O cristianismo sobreviveu á queda de Roma, fundou a Europa medieval, passou por divisões e conflitos e se estabelece como a religião com maior numero de fieis do planeta.
                    Em síntese, durante as peregrinações de Jesus na Judéia, ele pregou a Palavra de Deus e a boa-nova do Reino. Mas suas palavras são universais, sendo um chamado para toda a humanidade, não importando o tempo e o espaço. Sem sombra de duvida, Jesus Cristo é a pessoa histórica de maior impacto de todos os tempos: suas palavras regem costumes e valores de boa parte do mundo, o tempo histórico é até divido em antes e depois de Cristo. Os milagres e curas são as provas da fé que contagiou corações daquele e do nosso tempo. Jesus Cristo, mencionado como Príncipe da Paz, nasce humilde entre nós numa manjedoura e sua morte e ressurreição reforçam nossa fé nesse período tão especial, e que ao pregar ao seu povo, alcançou multidões e lançou as bases dos valores da civilização ocidental como conhecemos.
“Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu [Jesus] vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28: 20)
"Por que buscai o vivente entre os mortos?" (Lc 24: 5)
                    Um feliz e abençoado Natal e um próspero ano novo! É o que deseja o blog Vivencias da História!

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