13/01/2012 - 07h30
DA FRANCE PRESSE
O presidente do grupo de calçados Tod's, Diego della Valle, ameaçou nesta quinta-feira (12) retirar-se do projeto de restauração do Coliseu, em Roma, avaliado em 25 milhões de euros, após a abertura de uma investigação sobre irregularidades.
"Encontrei-me hoje com o ministro da Cultura, minha intenção era cancelar o projeto, mas decidimos esperar um pouco para que as autoridades façam as verificações", declarou Della Valle, durante uma entrevista à imprensa em Roma.
O ministro da Cultura italiano, Lorenzo Ornaghi, confirmou em comunicado ter pedido ao empresário espere um pouco antes de tomar uma decisão.
Para Ornaghi, a colaboração de Della Valle, é um exemplo simbólico da fase atravessada atualmente pelo país, que vê, "pela primeira vez, a colaboração do privado e do público na proteção e na valorização de um bem extraordinário como o Coliseu".
Para os jornalistas, Diego della Valle destacou a urgência dessas obras, após uma série de incidentes ocorridos no Natal, como a queda de pequenos fragmentos do monumento.
Gregorio Borgia -9.may.10/Associated Press | ||
Turistas em frente ao Coliseu de Roma, cuja reforma deve ter início em março deste ano |
"É preciso que saibamos logo o que foi decidido, uma vez que o Coliseu precisa de uma intervenção profunda e rápida", afirmou, destacando já ter desembolsado 10 milhões de euros para fazer andar o projeto.
Segundo a mídia italiana, o ministério da Justiça de Roma, o Tribunal de Contas e o Tribunal Administrativo regional do Lácio (região de Roma) foram acionados para esmiuçar o contrato de patrocínio entre Diego della Valle, o ministério da Cultura e a cidade de Roma.
O industrial bilionário mostrou-se frustrado por ter que perder tempo "nesses meandros", considerando que o que contestam "é uma coisa ridícula construída a partir do nada". "Os documentos são públicos, as acusações foram orquestradas, e estou amargurado com isso", disse.
Os sindicatos dos empregados do monumento reprovam o uso como propaganda comercial dos trabalhos de restauração, uma denúncia rejeitada por Della Valle.
Ele explicou que o contrato o autoriza apenas a fazer promoção de sua ação de mecenato, proibindo afixar panfletos publicitários no Coliseu.
"O Coliseu pertence a todos os italianos, por isso não toleraremos que seja desfigurado com uma campanha publicitária", disse o empresário, ao anunciar o projeto.
Atualmente, a fachada, danificada por intempéries e enegrecida pela poluição dos automóveis, oferece um triste espetáculo. Em maio de 2010, pedaços da argamassa se destacaram das paredes do monumento.
O contrato de restauração assinado por Della Valle prevê três anos de restauros e o aumento das zonas de acesso dos turistas ao monumento.
Fonte: Folha de São Paulo
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