Por Felipe Nogueira Monteiro
Certa vez, conversava com uma amiga que havia postado essa foto em uma famosa rede social: isso chamou minha atenção quanto a historicidade da foto. Se uma imagem pode dizer mais de mil palavras, nenhuma delas é tão mais clara que essa. Era 15 de agosto de 1945 ,em plena Times Square, em Nova York, um marinheiro ao saber que o Japão havia se rendido e assim a Segunda Guerra Mundial havia terminado, beija a enfermeira, que não conhecia. A imagem, tirada pelo fotografo Alfred Einsenstaedt, eternizou o fim do evento e tornou-se icônica, simbólica dos festejos do pós guerra. Mas quem são eles? O que aconteceu com o marinheiro, a enfermeira e o fotografo?
Glenn McDuffie |
Segundo Lois Gibson, da polícia de Houston, o homem por trás do mistério é Glenn McDuffie. Um veterano de guerra de 80 anos que, durante anos, tentou provar ser o autor do beijo e que se encontra, actualmente, a lutar contra um cancro dos pulmões. A revista Life tentou identificar o marinheiro, mas não foi possível já que se apresentaram 11 candidatos e todos poderiam estar falando a verdade, pois naquele dia vários marinheiros festejaram beijando todas as garotas que encontravam pela frente. Recentemente, um teste de biometria realizado por Lois Gibson, especialista forense que já desvendou mais de cem crimes, revelou que o homem da foto é Glenn McDuffie.
Glenn, que sempre teve medo que morrer antes de ter sua identidade confirmada, conta que esperava o metrô quando ouviu a notícia do fim da guerra: “Fiquei tão feliz que saí para a rua, quando vi a enfermeira, corri para ela e beijei-a” – declarou. Eles não trocaram uma palavra sequer.
Edith Shain |
“Não podia estar mais feliz”, disse McDuffie ao The Times. “Pensei que ia morrer antes de resolver esta questão. Era o meu maior medo”, acrescentou. McDuffie referiu-se também aos outros homens que reivindicavam a autoria do famoso beijo. “As pessoas diziam que eu não estava a dizer a verdade, que eu era um mentiroso. Todas as pessoas que reclamavam ser o marinheiro… levem-nos a fazer um teste do polígrafo”, afirmou o marinheiro.
A enfermeira foi identificada como Edith Shain. Em 1980, então com 62 anos, ela enviou uma carta ao Eisenstaedt, na qual dizia: “Nunca o assumi publicamente porque podia colocar-me numa posição pouco digna. Mas agora os tempos mudaram” – escreveu Edith. Edith faleceu ano passado. Existe uma outra foto, do mesmo beijo, feita pelo fotógrafo Victor Jorgensen de um ângulo um pouco diferente também identificada pelo mesmo título.
Alfred Einsenstadt |
O fotografo Alfred Einsenstaedt é natural da antiga Prússia, serviu ao Exercito alemão na Primeira Guerra Mundial, onde uma explosão de granada afetou suas pernas. Mudou-se da Alemanha com a ascensão de Hitler. Interessado em fotografia desde os 14 anos, Einsenstadt seguiu carreira, e trabalhando como freelancer, conseguiu a primeira foto do encontro entre Hitler e Mussolini em 1933. Em Nova York, trabalhou na revista Life, onde cobriu os efeitos da devastação nuclear em Hiroshima, a Guerra da Coréia e fotografia de grandes personagens na Itália e na Inglaterra, além de famosos como JFK, Sophia Loren e Marylin Monroe. Faleceu em 1995. Ele apresenta sua visão dos fatos:
“No Dia da Vitória, eu vi um marinheiro que vinha agarrando todas as moças que encontrava. Eu saí correndo junto a ele com minha Leica, olhando para trás por cima de meu ombro. Então, de repente, vi alguma coisa branca sendo agarrada. Girei em torno e cliquei o momento em que o marinheiro beijava a enfermeira” – declarou Alfred Eisenstaedt.
O Beijo, segundo o tenente Victor Jorgensen. |
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