sábado, 10 de dezembro de 2011

Os 70 anos do “dia da Infâmia”


Explosão do USS Shaw, em Pearl Harbor

Por Felipe Nogueira Monteiro
                A 70 anos atrás, completados no dia 7 de dezembro desta semana, se lembrava o que o presidente Roosevelt chama de “dia da infâmia”: o ataque japonês a base norte-americana de Pearl Harbor. Se pudermos comparar, essa data tem o mesmo peso do 11 de setembro de 2001 ou do assassinato de Kennedy, devido ao profundo choque e comoção causado e também pelas decisões tomadas, que por sinal, mudaram o mundo que conhecemos. Para isso, retornaremos aos dias  que antecederam ao ataque, no final do ano de 1941.
Tropas nazistas abrem a fronteira com a Polônia, em 1939.
Hideki Tojo
                A Segunda Guerra Mundial havia oficialmente começado no dia 1 de setembro de 1939, quando as forças da Alemanha Nazista invadem a Polônia. De lá, conquistaram boa parte da Europa, além de uma das democracias representativas, como a França e ameaçava a Inglaterra e a URSS. Por outro lado, o Japão vinha em conflito com seus vizinhos desde 1931, e para observar melhor, já vem ameaçando-os desde o final do século XIX, após a Revolução Meiji, que industrializava o pais no padrão ocidental e dava plenos poderes ao Estado e na figura do imperador, fortalecendo assim um sentimento nacionalista.
                Em 1876, o Japão usa a “diplomacia das canhoneiras” contra a Coréia, que é facilmente subjugada. A partir dai, o Japão considera-se na condição de garantir a unidade do continente sob sua liderança. Para isso entrou em conflito com a China e com a Rússia e, com a Primeira Guerra Mundial, tomou posse de ilhas do Pacifico, que eram colônias de impérios europeus. Os EUA começam a se preocupar com essa ousadia japonesa, mas num primeiro  momento cedem aos seus interesses no Pacifico. Transformações sociais rapidamente ocorrem no Japão, mas tudo é solapado com a Crise de 1929. Surgem nos círculos próximos do imperador, a necessidade de construir um império continental, para resguardar os interesses econômicos do país e, dentro do Exército, havia planos para concretizar a existência de uma “área de livre comercio e cooperação”. É desenvolvido o Plano Tanaka, que visava o domínio mundial: 1º conquistar a Manchúria, 2º Conquistar a China, 3º Dominar o Sudeste asiático e as ilhas do Pacifico, ricas em petróleo, 4º Eliminar a presença americana no Pacifico e 5º Invadir e conquistar os EUA. Nas palavras do almirante Yamamoto: “Não me contentarei em dominar as ilhas do Pacifico, ou estar em Los Angeles e São Francisco, quero que as tropas japonesas desfilem sobre Washington!”.
Tomada de Naquim pelos japoneses, em 1937
É nesse ínterim, que em 1931,  a parte norte da China, a Manchúria, rica em recursos naturais, é dominada e forma-se um Estado fantoche japonês, liderado pelo ultimo imperador chinês, Pu Yi. O Japão estabelece parceria com a Alemanha, no pacto Anti-Komintern, contra os comunistas soviéticos  e parte para a conquista da China. Em 1937, o mundo vê estarrecido as atrocidades japonesas na cidade de Nanquim contra a população civil. A partir dai, o Japão constrói sua “Esfera de Co-Prosperidade no Leste Asiático”.
                Diante desta ameaça que crescia dia após dia no Pacifico, os EUA mantinham uma posição isolacionista na guerra, mas sabiam que com o tempo esse isolacionismo não iria durar muito. Todos no governo dos EUA, sabiam que se o pais entrar na guerra, o principal  adversário será o Japão, pois as transmissões japonesas eram acompanhadas pelos americanos. Roosevelt, num primeiro momento, decreta um embargo econômico ao Japão, de ferro até petróleo. O Japão busca negociar com os EUA, fazer com que reconsiderem sua ação e reconheçam sua superioridade no Pacifico.
Roosevelt assina a declaração de Guerra contra
o Japão.
                Já com um império considerável e ainda em crescimento, somente um empecilho faltava para a conclusão dos planos japoneses. Em 24 de setembro de 1941, as autoridades japonesas pedem informações sobre a ilha do Havai e da base de Pearl Harbor. Os americanos decodificam a mensagem, o Exército é avisado, mas a Marinha (que tinha os navios na base) não foi informada da ação. Poucos consideraram uma ação japonesa em Pearl Harbor. Diante dos embargos, que afetaram a economia japonesa, o atual primeiro-ministro Hideki Tojo autoriza que uma frota naval parta em direção a Perl Harbor. Tojo considera que uma guerra contra os EUA não é só inevitável como necessária. Para efeito, o almirante Yamamoto, comandante-em-chefe da Frota Combinada da Marinha imperial japonesa, estuda uma ação surpresa utilizando aviões, realizada por britânicos contra os italianos em 1940 e acredita que a aviação naval pode obter sucesso contra os americanos.
No dia 27 de novembro, Washington manda um comunicado a base de Pearl Harbor, solicitando que os porta-aviões voltem aos EUA e fiquem somente os velhos encouraçados. A idéia era de que se a América for para a guerra, tem que ser por meio de uma ação extrema, que mobilize uma sociedade que deseja o isolacionismo, mantê-la unida a ir para o combate contra o inimigo japonês. Em 6 de dezembro de 1941, há uma ultima tentativa de negociação e é descoberto que o alvo do ataque era Pearl Harbor. Não houve tempo para avisar a base, o comunicado de alerta chega tarde demais.


Avião Zero japonês ataca instalações de Pearl Harbor.
 
                Era 7 de dezembro de 1941, 6h28 no horário local. O almirante Yamamoto, comandante da frota japonesa, autoriza o ataque. Duas ondas de aviões bombardeiam a base de Pearl Harbor, a primeira com 350 aviões e a segunda com 183 aviões. Uma terceira estava disponível, mas foi descartada. Mais de 2 mil norte-americanos morreram no ataque ( dos quais 1100 eram do USS Arizona) e metade da força aérea foi destruída no chão, além de 18 navios irem a pique. Curiosamente, poços de combustíveis não foram atacados. 
Resultado final do ataque: mortes e destruição.

Os EUA entram oficialmente na guerra. Hitler, em apoio ao Japão, declara guerra aos EUA no dia 11 de dezembro. Em resposta, foi organizada a operação Dolittle, onde aviões bombardeiros partiram de porta-aviões e bombardearam a capital e cidades industriais japonesas.
                 Nos meses que se seguiram, o Japão conquistou boa parte das ilhas do Pacifico, quase todo o leste da China e o sudeste asiático, além de ameaçar a Austrália. A batalha de Midway foi a primeira grande derrota japonesa, pois houve a perda significativa de quatro porta-aviões, arma que substituiu os encouraçados e tornou-se fundamental na guerra. Estava selado o destino do Japão, e muitos generais temiam isso, nas palavras de Yamamoto, que havia dispensado as congratulações depois de Pearl Harbor: “Só espero não ter acordado um tigre adormecido”. Era o caminho, que só terminaria com as explosões nucleares em Hiroshima e Nagasaki, e levaria a rendição japonesa.

Tomada do monte Suribashi, em Iwo Jima.


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