sábado, 17 de dezembro de 2011

A origem do vestibular no Brasil

Vestibular da USP 2011
Por Felipe Nogueira Monteiro
                Fim de ano, reta final de muitos vestibulares. Em todo o Brasil, alguns sonhos serão realizados (ás vezes de famílias inteiras!) se o nome aparecer na lista de aprovados de uma faculdade prestigiada, aquela onde tem o curso onde deseja ou a distancia mesmo. Mas, tudo isso também teve um processo histórico. O vestibular tem uma razão de ser.
Escola de Cirurgia da Bahia, mais tarde, Faculdade de Medicina.
                Tudo começa junto da vinda da família real portuguesa ao Brasil, em 1808. Quando D. João VI chega ao país, ele trata de dotar a capital primeira, Salvador, com toda uma aparelhagem administrativa e principalmente educacional. Nascia na Bahia, o primeiro curso superior do país, com a Escola de Cirurgia da Bahia, que dará origem a Faculdade de Medicina da UFBA. Como podemos ver, medicina é o primeiro curso superior do país. Em 1827, surgem os primeiros cursos de Direito, no Largo São Francisco de São Paulo e em Olinda. Em 1837, o governo cria o Colégio Pedro II, para ensino secundário (atual ensino médio), visando preparar as elites do Império para as principais faculdades e com isso, em 1890, são criados exames (os chamados “exames de madureza”, aplicado no ultimo ano de ginásio) para saber o nível dos alunos que chegam à faculdade que não estudaram no Colégio Pedro II, que por conseqüência, teve que se normatizar o ensino primário e secundário. A primeira universidade surge em Manaus: a Escola Universitária Livre de Manaus, em 1909.
Carlos Maximiliano
                Até o momento, 27 cursos superiores foram formados e consequentemente, a demanda subiu. O governo federal decreta a elaboração de exames de admissão aos cursos, com prova dissertativa e oral. É o embrião daquilo, que o ministro da Educação, Carlos Maximiliano, chama pela primeira vez de “vestibular”, em 1915. O ensino secundário passa a ser seriado (6 anos) e sua conclusão passa a ser requisito na admissão a universidade. Universidades se espalham pelo Brasil: estão em São Paulo (a USP nasce em 1934), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná.
                Em 1964, é realizado o primeiro vestibular unificado ( sete universidades), do qual além da prova teórica, tem uma etapa pratica (com testes de biologia, química e física). As questões são corrigidas por computador. Até o momento são no Brasil, cerca de 600 graduações com mais de 2500 candidatos. O numero de vagas não acompanhava o numero de candidatos e, com isso muitos que atingiam a nota mínima, ainda assim não entravam. O governo Costa e Silva tenta contornar a situação sem sucesso, surgindo assim a Marcha dos Excedentes, onde alunos saem a protestar por mudanças. E ela realmente vem: a habilitação é substituída pela classificação na admissão a uma universidade.
Um dos primeiros campus da USP em 1934 (FFCL-USP)
                 Como num primeiro momento, as maioria das universidades privadas determinavam o conteúdo, a USP, junto com a UNESP e a UNICAMP, cria a Fuvest afim de padronizar o processo seletivo, em 1976. São cinco dias de prova: no primeiro, testes de 120 questões de francês e inglês e na segunda, quatro dias de 132 questões diversificadas mais redação.  A UNESP unifica seu processo seletivo em 1979, com a Vunesp e a UNICAMP, com a Comvest em 1986. Em 1989, a Fuvest passa a exigir a literatura no vestibular.
                Com esse avançado processo, as universidades ganham autonomia para elaborar seus processos seletivos, no governo Collor. O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que busca analisar o ensino médio no Brasil, é criado em 1998 e passa a se unificar ao muitos vestibulares em 2009, cabendo ao candidato estar atento ao SISU (Sistema de Seleção Unificado), se atingiu a pontuação necessária para pleitear a vaga no curso desejado. Atualmente, segundo o ultimo censo, o Brasil possui 278 universidades publicas e 2100 universidades particulares. Todas com mais de 6 milhões de alunos matriculados ao redor do país.
                Como pode se ver, o vestibular já foi mais difícil. Foi um processo de erros e acertos, onde começou de uma mentalidade elitista e passou com o tempo, a ser democratizado a todo o país. É evidente que tem muito a se avançar, como melhoria na qualidade de ensino, formações mais solidas e com um leque maior de opções oferecidas dentro e fora da universidade. Nossas universidades nem aparecem entre as 100 melhores do mundo, segundo o grupo THE (Times Higher Education).  Mas, enquanto não chegamos a esse nível de excelência, vamos continuar com a agonia de um monstro chamado vestibular.
               

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