Vestibular da USP 2011 |
Por Felipe Nogueira Monteiro
Fim de ano, reta final de muitos vestibulares. Em todo o Brasil, alguns sonhos serão realizados (ás vezes de famílias inteiras!) se o nome aparecer na lista de aprovados de uma faculdade prestigiada, aquela onde tem o curso onde deseja ou a distancia mesmo. Mas, tudo isso também teve um processo histórico. O vestibular tem uma razão de ser.
Escola de Cirurgia da Bahia, mais tarde, Faculdade de Medicina. |
Tudo começa junto da vinda da família real portuguesa ao Brasil, em 1808. Quando D. João VI chega ao país, ele trata de dotar a capital primeira, Salvador, com toda uma aparelhagem administrativa e principalmente educacional. Nascia na Bahia, o primeiro curso superior do país, com a Escola de Cirurgia da Bahia, que dará origem a Faculdade de Medicina da UFBA. Como podemos ver, medicina é o primeiro curso superior do país. Em 1827, surgem os primeiros cursos de Direito, no Largo São Francisco de São Paulo e em Olinda. Em 1837, o governo cria o Colégio Pedro II, para ensino secundário (atual ensino médio), visando preparar as elites do Império para as principais faculdades e com isso, em 1890, são criados exames (os chamados “exames de madureza”, aplicado no ultimo ano de ginásio) para saber o nível dos alunos que chegam à faculdade que não estudaram no Colégio Pedro II, que por conseqüência, teve que se normatizar o ensino primário e secundário. A primeira universidade surge em Manaus: a Escola Universitária Livre de Manaus, em 1909.
Carlos Maximiliano |
Até o momento, 27 cursos superiores foram formados e consequentemente, a demanda subiu. O governo federal decreta a elaboração de exames de admissão aos cursos, com prova dissertativa e oral. É o embrião daquilo, que o ministro da Educação, Carlos Maximiliano, chama pela primeira vez de “vestibular”, em 1915. O ensino secundário passa a ser seriado (6 anos) e sua conclusão passa a ser requisito na admissão a universidade. Universidades se espalham pelo Brasil: estão em São Paulo (a USP nasce em 1934), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná.
Em 1964, é realizado o primeiro vestibular unificado ( sete universidades), do qual além da prova teórica, tem uma etapa pratica (com testes de biologia, química e física). As questões são corrigidas por computador. Até o momento são no Brasil, cerca de 600 graduações com mais de 2500 candidatos. O numero de vagas não acompanhava o numero de candidatos e, com isso muitos que atingiam a nota mínima, ainda assim não entravam. O governo Costa e Silva tenta contornar a situação sem sucesso, surgindo assim a Marcha dos Excedentes, onde alunos saem a protestar por mudanças. E ela realmente vem: a habilitação é substituída pela classificação na admissão a uma universidade.
Um dos primeiros campus da USP em 1934 (FFCL-USP) |
Como num primeiro momento, as maioria das universidades privadas determinavam o conteúdo, a USP, junto com a UNESP e a UNICAMP, cria a Fuvest afim de padronizar o processo seletivo, em 1976. São cinco dias de prova: no primeiro, testes de 120 questões de francês e inglês e na segunda, quatro dias de 132 questões diversificadas mais redação. A UNESP unifica seu processo seletivo em 1979, com a Vunesp e a UNICAMP, com a Comvest em 1986. Em 1989, a Fuvest passa a exigir a literatura no vestibular.
Com esse avançado processo, as universidades ganham autonomia para elaborar seus processos seletivos, no governo Collor. O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que busca analisar o ensino médio no Brasil, é criado em 1998 e passa a se unificar ao muitos vestibulares em 2009, cabendo ao candidato estar atento ao SISU (Sistema de Seleção Unificado), se atingiu a pontuação necessária para pleitear a vaga no curso desejado. Atualmente, segundo o ultimo censo, o Brasil possui 278 universidades publicas e 2100 universidades particulares. Todas com mais de 6 milhões de alunos matriculados ao redor do país.
Como pode se ver, o vestibular já foi mais difícil. Foi um processo de erros e acertos, onde começou de uma mentalidade elitista e passou com o tempo, a ser democratizado a todo o país. É evidente que tem muito a se avançar, como melhoria na qualidade de ensino, formações mais solidas e com um leque maior de opções oferecidas dentro e fora da universidade. Nossas universidades nem aparecem entre as 100 melhores do mundo, segundo o grupo THE (Times Higher Education). Mas, enquanto não chegamos a esse nível de excelência, vamos continuar com a agonia de um monstro chamado vestibular.
Muito Bom!!!
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