sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Construindo a Historia: Imagem ou montagem?

Nem sempre, a História seguiu o padrão que nós seres humanos, esperavamos que seguisse. Nesse sentido, sempre buscamos alterá-la para torná-la mais simpática, para estimular ideais e propagandear movimentos sociais ou personalidades ditatoriais ou de conquistadores, enfim deixar para as gerações atuais e as futuras, a imagem do "bom moço". Mas, a História pode ser manipulada?

Poderia elencar várias e várias imagens que trabalham essa ideia, pois a fotografia em si nos dá uma ideia de verdade, se ainda associada a uma boa argumentação (jornalismo sensacionalista?), com o objetivo de manipular a opinião publica em prol de determinado ponto ou ate mesmo para marketing politico. A foto mente quando ela se propõe que seja a prova irrefutavel da verdade, sem questionamento, de algo claramente ficticio. Por isso, torna-se necessário ter discernimento para analisá-las. É ai que entra o trabalho do historiador.

Isso fica evidente quando pensamos o seguinte: será que quando os EUA foram a guerra com o Japão, todos estavam de acordo? Na Alemanha, todos os alemães eram contra os judeus? Uma imagem bem colocada pode decidir de que lado está ou levar a raciocinar como tal, no espirito de grupo. Outro perigo importante de ser mencionado são os estereotipos historicos, como os barbaros na visão dos romanos, como todo aquele que não fala latim e não é romano; a idade média como periodo das trevas, enfim tudo isso nega a historicidade de grupos humanos e periodos historicos inteiros. E assim aceitamos, sem questionar. É no século XX que a imagem ganha status de instrumento de propaganda política, a partir da Primeira Guerra Mundial e depois com os regimes totalitários, e dai não parou mais.

São várias as formas de manipulação da História. Mas é nas imagens que isso fica nitido. Vejamos alguns exemplos clássicos:

Praça Sverdlov, Russia, 1920: Lênin discursa a multidão. Trotski e Kamenev são apagados por ordem de Stalin.


Hitler com membros da Juventude Hitlerista: Aqui o Fuhrer está em meio aos jovens para passar uma imagem simpatica do nazismo a população e assim obter o poder e o controle da Alemanha, graças ao poder da propaganda.

Coroação de Napoleao: A figura central de Napoleão na maioria das obras de David construiu a imagem do imperador dos franceses e sua reputação de conquistador militar. A mãe de Napoleao é retratada na foto (ao centro da imagem), mas ela nem estava na cerimonia.
Os cartazes foram muito bem trabalhados no periodo da Segunda Guerra: trabalhado nas simbologias, de linguagem fácil, para obter apoio da população.

Conquista da ilha de Iwo Jima, pelos norte-americanos: com a guerra custando pesadamente aos cofres publicos e a opinião publica se voltando contra o governo norte-americano, esta simples imagem deu impulso ao aumento de compras de bonus de guerra, que contribuiu decisivamente para o imvestimento e vitória no Pacifico.

Em conclusão, uma imagem pode fazer toda a diferença. É evidente que ela nos revela e nos leva a conhecer um periodo, uma realidade passada, mas tambem pode nos induzir a pensar o que um grupo dominante ou alguma liderança deseja que a opinião publica pense, afim de obter uma determinada ação coletiva. Como havia mencionado em outro artigo, não se trata de dizer que há a manipulação em tudo ou somos induzidos a tudo, mas cabe a quem observa ter discernimento e conhecimento para não cair nesse discurso. O importante, mais que uma imagem manipulada, é a historicidade que há por traz dela, e todo um contexto que há por tras dela, que pode ser muito rica e complexa.

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