REINALDO JOSÉ LOPES
Os sucessores do bicho viraram os maiores vertebrados terrestres de todos os tempos, gigantes pescoçudos e comedores de plantas. Ele, porém, não era nada disso: velocista esbelto, media pouco mais de 1 m do focinho à ponta da cauda e devorava insetos.
A criatura em questão é o Pampadromaeus barberenai, um dos dinossauros mais primitivos do mundo, com 230 milhões de anos. Como o nome sugere, o animal corria pelo interior do Rio Grande do Sul no período Triássico. LEIA MAIS!
A espécie foi apresentada com pompa ao público na quinta-feira, em cerimônia comandada por alguns de seus descobridores na Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, na Grande Porto Alegre.
O achado premia a persistência de Sergio Cabreira, paleontólogo da Ulbra e um dos principais caçadores de fósseis da região Sul.
Achado no município de Agudo, o esqueleto estava desarticulado (ou seja, com os ossos já espalhados) e incompleto, mas suficientemente preservado para trazer muitas informações a respeito do bicho.
Outro membro da equipe, Max Langer, especialista em dinos primitivos da USP de Ribeirão Preto, explica que o P. barberenai é um estranho no ninho quando comparado aos dinossauros com quem tem parentesco mais próximo, os saurópodes.
Esses bichos, como já foi dito, eram herbívoros por excelência. Mas o "novo" dino gaúcho tem detalhes do maxilar e dos dentes que lembram os de carnívoros. "Esquisito", diz Langer.
"Eu não consigo imaginar que tipo de vegetal ele comeria, porque os dentes são muito delicados. A dieta dele estaria mais para insetos e pequenos vertebrados", afirma.
Já a canela comprida sugere hábitos de corredor --nada mais inesperado perto dos sucessores pesadões do animal, diz o paleontólogo.
Na descrição formal da espécie, publicada na revista alemã "Naturwissenschaften", os paleontólogos traçaram árvores genealógicas dos dinos primitivos. Nelas, o Pampadromaeus parece se encaixar muito perto da origem dos saurópodes.
O curioso é que tanto ele quanto os ancestrais dos dinos carnívoros eram muito parecidos nessa fase da história do grupo. O que, para Langer, faz certo sentido.
"É como se essas linhagens estivessem experimentando com vários tipos de anatomia, que acabaram se fixando, mais tarde, em grupos mais especializados de dinossauros", diz o pesquisador.
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